
A Direção Intelectual e Moral das Sociedades
Por Cesar Ranquetat Jr.
Para o pensamento tradicional, existe uma série de analogias, correspondências, vínculos e similitudes entre o homem e o universo.
O homem é um microcosmo, uma síntese e um resumo do universo. Por sua vez, o universo é metaforicamente um grande homem.
Ora, Platão no Timeu demonstra que a cabeça do ser humano apresenta três características principais: 1) a rotundidade, isto é, um caráter redondo e esférico, semelhante ao universo; 2) é a parte mais divina e sublime que existe em nós; 3) é a parte do organismo humano que comanda todas as demais. A cabeça é, portanto, a instância na criatura humana que estabelece a ligação entre este mundo terreno e o mundo celeste.
Este ensinamento é confirmado por autores cristãos no Medievo. Hildergarda de Bingen, afirmava que a cabeça correspondia ao céu, e de algum modo está voltada para o “Alto”, indicando o caráter vertical do ser humano. Inegavelmente, a cabeça é o órgão de direção e coordenação do corpo, e, ainda, o lugar onde reside a “autoridade moral e racional” dos indivíduos. Esta intuição vincula-se com a lição perene da Tradição cristã que, resumidamente, sublinha que Cristo é a cabeça da Igreja, ou seja, a cabeça do Corpo Místico e da própria Humanidade. Mais ainda, a cabeça relaciona-se com a autoridade espiritual, com a função primordial do estamento sacerdotal. Cabe a ele a direção intelectual e moral das sociedades.
Em síntese, a cabeça deve comandar os diversos membros que compõem o corpo, isto é, o Espírito necessita subjugar e dominar a matéria, do mesmo modo cabe ao sacerdócio e à Igreja guiar as almas e, principalmente, cabe a Cristo, como Centro e Coração do Mundo, reinar sobre a totalidade da criação, redimindo-a e elevando-a.
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Detalhes do autor
Cesar Ranquetat Jr
Graduado em Direito, Mestre em Ciências Sociais pela PUC-RS e Doutor em Antropologia Social pela UFRGS. No 1º semestre de 2018 realizou estágio de pós-doutorado na Universidade Pontifícia Comillas de Madri-Espanha, com a orientação do professor e jurista Miguel Ayuso.
Autor do livro Da Direita Moderna à Direita Tradicional.